sexta-feira, 30 de novembro de 2012

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Sophia continua sendo a segunda  sortuda da turma. Estou a observando agora, enquanto ela conta uma história para um grupo de amigos nossos, ....incluindo o noivo dela. Arthur e Sophia formam um belo casal, magros e altos, ambos com cabelos escuros e olhos verdes. Eles fazem parte da alta sociedade de Nova York..
- Moral da história: se você quer uma depilação à brasileira, seja bem específica. Diga à depiladora para deixar uma margem de segurança ou vai acabar sem nada, como uma menininha de dez anos de idade! - Sophia conclui sua historinha indecente e todo mundo ri. Com exceção de Arthur, que balança a cabeça como se dissesse "que figura esta minha noiva".- Certo. Volto já, já - declara ela, de repente. - Uma rodada de tequila para todos!
Enquanto ela se afasta do grupo em direção ao bar, começo a me lembrar de todos os aniversários que celebramos juntas, todos os marcos que atingimos juntas, marcos que eu sempre atingi primeiro. Tirei minha carteira de motorista antes dela e pude legalmente beber antes dela. Ser mais velha, mesmo que por apenas alguns meses, costumava ser uma coisa boa. Mas agora nossa sorte mudou. Sophia tem um verão a mais na faixa dos vinte — uma vantagem de ter nascido no outono. Não que isso faça muita diferença para ela: quando você está noiva ou é casada, fazer trinta anos simplesmente não é a mesma coisa.
Neste momento Sophia está debruçada no bar, dando bola para um cara de vinte e poucos anos, aspirante a ator/barman a respeito do qual ela já declarou que, se fosse solteira, “traçaria” facilmente. Como se algum dia Sophia fosse ser solteira. Uma vez, quando estávamos no segundo grau, ela disse:
— Eu não termino, eu troco.
Neste caso ela manteve a palavra; era sempre ela quem dispensava. Durante toda a nossa adolescência, faculdade e juventude, Sophia esteve ligada a alguém. Em geral ela tem mais de um cara esperançoso por perto..

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