sexta-feira, 30 de novembro de 2012

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Como as noites de Ano-Novo, esta noite representa um final e um começo. Não gosto de finais e começos. Se pudesse escolher, ficaria oscilando entre os dois extremos. A pior coisa desse final (da minha juventude) e desse começo (da meia-idade) é que, pela primeira vez na vida, percebo que não sei para onde estou indo. Meus desejos são simples: um trabalho de que eu goste e um cara que eu ame. E na noite do meu trigésimo aniversário tenho de reconhecer que estou perdendo por 2 a 0.
Em primeiro lugar, sou advogada de um grande escritório de Nova York. Trabalho durante horas torturantes, cuidando das tarefas mais tediosas para um dos advogados associados do escritório, que é mesquinho e obsessivo. E esse tipo de ódio pelo próprio trabalho é uma coisa que começa a crescer aos poucos em você. ...
 estou sozinha numa cidade de milhões. Tenho vários amigos, como ficou comprovado pela presença maciça esta noite. Amigos para andar de patins. Amigos para veranear nos Hamptons. Amigos para encontrar na quinta à noite depois do trabalho, para um, dois, ou três drinques. E tenho Sophia, minha melhor amiga, que nasceu no mesmo lugar que eu e sintetiza tudo isso que acabei de dizer. Só que todo mundo sabe que amigos não são tudo, embora muitas vezes eu diga o contrário, apenas para não ficar mal diante das minhas amigas casadas e noivas. Eu não tinha planos de estar sozinha quando chegasse aos trinta, mesmo ao início dos trinta. A esta altura eu já queria ter um marido; queria ter ficado noiva na faixa dos vinte. Mas aprendi que a gente não pode simplesmente fazer um cronograma pessoal e desejar que se torne realidade. Então aqui estou eu, às portas de uma nova década, chegando à conclusão de que estar sozinha faz dos meus trinta anos uma coisa assustadora, e de que ter completado trinta faz com que eu me sinta mais sozinha.

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