sexta-feira, 30 de novembro de 2012

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"O Noivo Da Minha Melhor Amiga" 1º Capítulo


Eu estava na 5ª série quando pensei pela primeira vez sobre fazer trinta anos. Um dia, eu e minha melhor amiga Sophia pegamos uma agenda e abrimos no final, onde havia um calendário perpétuo que permitia consultar qualquer data no futuro e, por meio de uma pequena tabela, determinar qual seria o dia da semana correspondente.
Então localizamos nossos aniversários do ano seguinte, o meu em maio e o dela em setembro. O meu caía na quarta, uma noite de aula. O dela caía na sexta. Uma vitória pequena, mas típica. Sophia era sempre a mais sortuda. Sua pele se bronzeava mais rápido, seu cabelo era mais fácil de modelar e ela não precisava de aparelho nos dentes. Ela fazia passos de break como ninguém, assim como dava estrelas e cambalhotas para frente (eu nem mesmo sabia dar cambalhotas). 

Suéteres Forenza em turquesa, vermelho e pêssego (ela comprou iguais aos meus). Tinha também um jeans de cinqüenta dólares da Guess, com zíperes na lateral do tornozelo, além de dois furos em cada orelha e um irmão, o que era melhor do que ser filha única como eu.

Pelo menos eu era alguns meses mais velha e ela nunca poderia me alcançar. Foi aí que decidi checar meu trigésimo aniversário — num ano tão distante que soava como ficção científica. Caía num domingo, o que significava que meu marido e eu providenciaríamos uma babá responsável para os nossos dois (possivelmente três) filhos na noite de sábado, jantaríamos num sofisticado restaurante francês  e ficaríamos fora até depois da meia-noite, de forma que, tecnicamente, estaríamos celebrando na data real do meu aniversário. Eu teria acabado de ganhar uma grande causa, de provar a inocência de um homem da cidade. E meu marido faria um brinde em minha homenagem: “À Lua, minha linda esposa, mãe dos meus filhos e a melhor advogada da cidade.” Compartilhava minha fantasia com Sophia quando descobrimos que seu trigésimo aniversário caía numa terça-feira. Uma decepção para ela. Observei enquanto ela apertava os lábios processando a informação.

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