sexta-feira, 30 de novembro de 2012

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— Você sabe como é, Lua, quem se importa com o dia da semana em que cai o aniversário de trinta anos? — ela disse, sacudindo os ombros  — Até lá nós já estaremos velhas. Os aniversários não importam quando a gente fica velha.

Pensei nos meus pais, que estavam na faixa dos trinta, e na maneira displicente com que tratavam os próprios aniversários. Em nenhum momento pude identificar nela a decepção que eu sentia quando meus presentes de Natal não correspondiam às minhas expectativas. Então Sophia provavelmente tinha razão. Coisas divertidas como aniversários não teriam tanta importância quando chegássemos aos trinta.

Só fui pensar outra vez nesse assunto no último ano da escola, quando Sophia e eu começamos a ver uma série meio triste na televisão. Nós preferíamos programas mais alegres, mas mesmo assim assistíamos. Meu grande problema com essa série eram os personagens, que viviam se queixando, e as questões deprimentes que eles pareciam estar sempre atraindo. Lembro de achar que eles tinham mais era que crescer e parar com frescuras, parar de ficar tentando entender o sentido da vida e começar a fazer a lista do supermercado. Isso foi na época em que eu pensava que os meus anos de adolescência estavam se arrastando demais e que os meus vinte anos certamente durariam para sempre.

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